quarta-feira, 5 de setembro de 2012

MICROCONTOS

Ter pouco tempo disponível vai desembocar na pouca leitura também!

Depois de estudarmos sobre Narração, esse texto tão peculiar da nossa cultura, presente em nossas vidas desde a barriga da mãe, e também de lermos e analisarmos Quatro Contos Curtos, de Marina Colassanti, a proposta era muito simples para aquela turma do segundo ano do Ensino Médio, da Escola Anísio Teixeira, em Eunápolis: andar pelo perímetro interno da Instituição e escrever microcontos de até dois parágrafos sobre qualquer assunto ou fato visto. Os alunos saíram da sala, escreveram e trouxeram para mim.
Algumas pérolas do que fizeram podem ser lidas abaixo:

*

Coragem é isso

Lá vai ela, tão pequenina, frágil, mas com uma força de um gigante. Dava para ver a gota de suor rolando do seu rosto, já cansada, pois havia andado quilômetros atrás de algo que a alimentasse e a sustentasse durante aquela semana. Com as costas já doendo,avistou a sua casa de longe e se alegra ,chega e coloca aquele peso no chão. Peso? Claro, para uma formiga carregar um osso de galinha nas costas não deve ser nada fácil.
Nathália Martins Santos Fonseca

*

Devorado pouco a pouco. Mergulho no mar negro; cada vez mais revolto. Acho que irei afogar-me. Levo as cores no pensamento. O colorido se desfaz lentamente das minhas lembranças. Minha alma, agora branca e preta, cultiva como amiga a tão cobiçada utopia.
Chega como se trouxesse prosperidade, mas me dizem a todo tempo que trará infelicidade. Afogado no mar do desalento, engolido pelo erro, vejo um brilho distante, refletido no desespero em que se tornou minha vida.
Bruna Buzetti Alagia Vaz

*

O vento que leva

Olhando para aquelas crianças, lembrava-se de como odiava o vento.
Aquele vento, maldito vento, esse vento que Le tocava o rosto, era também o vento que impiedosamente havia levado seus amigos, que felizes brincavam na escola. Esse vento que varria suas más lembranças, mas que depois as trazia de volta com muito mais força. O maldito vento, que o separava de seus amigos, mas que causava mais raiva nele, por ser a única coisa que o mantém vivo.
Vinicius Pinheiro Guerreiro

*

Sorrisos inocentes, alegrias deslumbrantes, felicidade evidenciada.
Os olhares se encontram no meio da brincadeira. Dois corações acelerados. Os acasos do momento interverem na situação, os impedindo de se conhecer, mas para sempre se lembraram desse breve momento de apenas duas piscadas de olhos.
Maria Catarina Santos Galvão

*

Durante o dia, gosta de brincar com as bonecas. Entre um grito e outro, gargalhadas e choros, se diverte com seus amiguinhos.
Serena sonha com um futuro como aqueles que escuta nos contos de fada. De repente, conheceu a vida e descobriu que nem tudo é como se quer.
Beatriz Leal Tamandaré

*

Já é grande, não faz muito tempo que nasceu, vai crescendo, crescendo, crescendo...
Todos param para analisar, para cheirar, para cortar, se alimentar. E um dia pode até morrer, se ninguém cuidar.
Ialy Thainá Araújo de Jesus

*

Um lava-bunda desnorteado pousou por acaso na janela da sala. Tão inocente, coitado, esperou que eu lhe pegasse, mas eu, descontente com o que parecia tão curioso, joguei-o pela janela, para que livre pudesse voar. Só que tinha segurado com tanta força, que a asa pos-se a quebrar.
Letícia Azevedo de Souza

*

Antes, viajava em suas meras criancices. Agora, ao decorrer do tempo, vai em busca de uma maturidade e de sonhos jamais pensados. Para que, lá na frente, sejam alcançados.
Geovana Nunes

*

Eles brincam por toda parte, mas quando escutam um barulho, tudo acaba. Em alguns anos a saudade baterá em suas portas.
Lucas Lopes

*

A formiga balançava suas antenas, olhando seu predador: um louva-deus.
Este partiu para o ataque em direção à formiga. Mas foi em vão. Em dois segundos o predador jazia no formigueiro, atacado por centenas de suas moradoras.
Victor Silveira Gama

*

Um muro escuro me cerca, trazendo aos meus pensamentos o desejo da liberdade. Mas o verde me acalma, o que em mim já não quer mais existir.
Kaline Novaes

*

É uma guerra, uma luta para conseguir tal objetivo, que já havia sido conquistado antes, mas perdido através do tempo.
Não sabemos de onde vem essa ânsia de se conectar com o mundo em plena aula, só sabemos que é inevitável.
Vinícius Colen

*

A grama verde que está no chão se mistura com a terra formando um lindo coração.
O coração que bate forte, por uma linda paixão.
Bárbara Selda dos Santos

*

Sentado no banco da escola, olhando para o nada, o invisível me sussurrava que poucos o ouviam, mas ele não desistiria até encontrar a pessoa certa. Não era eu e, infelizmente, me encantei pelas suas formas quadradas.
Adson Rodrigues

*


O balanço enferrujado rangia enquanto a solidão susurrava ao seu ouvido. Risos distantes podiam ser percebidos. 
          Em seu coração reinava o barulho da ansiedade, que brigava com o silêncio de um espaço reservado prestes a ser preenchido. Passaram-se horas. A euforia diminuíra pela agonia da espera e, livre de qualquer esperança, caminhara em direção à infelicidade, quando, de repente, se viu salva pelas garras de quem tanto a fez agonizar.

Lorena Oliveira Cabral

2 comentários:

  1. Olá Gustavo, como vai?

    Passei para desejar uma ótima semana da Pátria.
    Multiplicador, Parabéns pelos textos. A blogosfera é carente de blogs que tenham informações relevantes, e você está contribuindo para que ela se torne cada vez mais rica em conhecimentos. Você faz a diferença!
    Obrigado por fazer parte deste universo virtual, obrigado por compartilhar um pouco do que sabe e contribuir para o aprendizado de muitos.
    Permita-me deixar o link para o blog Marquecomx, obrigado:

    http://www.marquecomx.com.br/

    Abraços, fiquemos na Paz de Deus e até breve.

    ResponderExcluir
  2. oi professor, quanto tempo!! tava em casa e lembrei da minha formiginha carregando o osso...rsrsr nunca esquecir!! lembrei de que o senhor tinha publicado!! foi muito bom relembrar os velhos tempos!! as suas aulas eram muito boas, faz falta.
    um abraço..
    nathalia martins

    ResponderExcluir